terça-feira, 5 de agosto de 2025

Como os holandeses desenharam a utopia

Para quem não fala ou compreende inglês. Não faço ideia se é possível fazer com este traduza automaticamente o audio, se houver, apliquem. Ver sem entender pouco vai ser útil. E ver, ouvir e entender é crucial para saber o que estamos fazendo, no que estamos errando, e o que temos que mudar.
Conta um pouco da história de como os holandeses chegaram ao nível de segurança de ciclistas e a bem dizer pedestres. Falam sobre segregação, um tanto diferente do que se faz por aqui, acalmamento de trânsito, e o mais interessante, quase no final apresenta o que vou chamar de manifesto contra o uso de capacete, sim, contra o uso, apresentando as razões.
Repito o que não canso de repetir: a forma de se alcançar algo faz toda diferença. E se quiser resultados verdadeiros, não populistas, ter que perseguir a qualidade. Mais: besteira mata, acreditar em besteira é um imenso perigo.


Coloquei este segundo vídeo aqui porque ele mostra uma postura que define o nível de civilidade local. Deixo para vocês descobrirem como pegadinha. Enfim, o que aconteceria se fosse aqui no Brasil?  



sexta-feira, 1 de agosto de 2025

O retorno aos passeios gosotosos de domingo

Tenho saído aos domingos e feriados com um pequeno grupo de ciclistas que quer se divertir com tranquilidade e sem compromissos. Cara, tem sido divertidíssimo, uma volta aos velhos e bons tempos. Nada dos mesmos caminhos do carro, nada de correria, nada de deixar para trás, nada de berraria, zero competição. Só amizade e companherismo. Vamos pedalando cada vez por um novo caminho, normalmente fora de avenidas, ciclovias, ou caminhos certos (os triviais do dia a dia dentro do carro), conhecendo lugares novos, parando quando alguém pede, sempre um olhando pelo outro, se preocupando com o outro e o bem estar de todos. Delícia!

Da última vez fomos almoçar na Guarapiranga. Estava muito frio e ventando. Conversamos e decidimos que pegaríamos as ciclovias da Faria Lima e Berrine, que pelo frio estavam tranquilas e mais protegidas o vento. Só lá para frente entraríamos, já com sol, na ciclovia do rio Pinheiros rumo a Socorro e a represa. Num determinado momento o guia mudou um pouco o roteiro, saímos da ciclovia e acabamos indo por dentro do bairro para mostrar e parar numa padaria para um cafezinho. Só na Chácara Santo Antônio entramos na ciclovia do rio. Este pessoal não gosta muito da tensão de ciclovia. Em vez de sair na ponte Socorro, saímos na altura do canal, por dentro da área industrial, com parada para algumas histórias do local. Já na represa, melhor, num bairro da represa, escolhemos um pequeno e escondido restaurante, almoçamos com muita falação, fomos um pouco mais para frente margeando a água, e voltamos por dentro do bairro entre Interlagos e a represa, que aliás eu não via fazia décadas. Um destino, varios improvisos. 

Num outro passeio pedamos num trecho da Rodovia Castelo Branco... ("Como assim? Está  louco? Pedalar na Castelo Branco é tranquilo?") para depois pegar a passarela, cruzar o rio Tiete, e pedalar por dentro de bairros até voltar.

Agora respondendo: dependendo do dia, trecho e horário o trânsito é muito tranquilo. Dou um exemplo facílimo: contra-fluxo. Dependendo de onde você pega o contrafluxo parece que é feriado. 
Dependendo do dia, trecho e horário a via estará vazia, tranquila e segura. Em outras palavras, a cidade muda seu trânsito constantemente durante a semana e dependendo dos horários. Descubra, aproveite, o que boa parte não faz, prefere a segurança dos caminhos conhecidos. Não se limite a ideia de pedalar só nas ciclovias ou nos mesmos caminhos que os carros são obrigados a fazer, como fazem muitos grupos. Bicicleta permite que se faça caminhos que o automóvel não pode fazer. Enfim, liberte-se.

Sobre a Castelo Branco, no caso pedalamos num trecho da marginal entre a ponte dos Remédios e a passarela, que no domingo pela manhã fica as moscas. Entramos na rodovia um pouco mais a frente da ponte dos Remédios, que é o ideal. Sair da ponte direto não é o ideal. O trecho é uma área industrial, domingo ninguém trabalha. A mesma tranquilidade acontece em vários outros lugares tidos como perigosos por muitos ciclistas, o que acaba limitando muito as possibilidades de passeio.
Aliás, sobre este mesmo trajeto, acabei de descobrir que dá para sair da ponte, seguir em frente mais um pouco, virar a esquerda na igreja e passar pela lateral de uma favela, outro mito sobre violência. A rua é asfaltada, as casas são muito simples, o pessoal simpático, passar por lá é muito mais seguro, por exemplo, que pedalar durante a semana na ciclovia da Pedroso de Moraes, onde assalto é o que não falta. Na Guaripanga tem um trecho da ciclovia que passa pelo que chamam de favela. São só umas casinhas bem simples de famílias trabalhadoras, nada mais.

São Paulo é uma cidade imensa, cheia de possibilidades para quem quer pedalar. A maioria dos grupos de ciclistas faz roteiros que repetem os caminhos mais comuns quando se está num carro. Por que não descobrir? Por que não fugir da mesmice?
Mesmo com ciclistas de pouca prática e temerosos pela segurança é possível sair, pedalar e voltar agradando a todos. Eu sei, eu sei, o pessoal gosta dos passeios que estão aí, mas e se experimentassem algo novo, mais lento, quebrado, com descobrimentos, com tempo para ver novidades?

Eu vou dar roteiros? Não, por uma simples razão: espero que você descubra a cidade.

segunda-feira, 28 de julho de 2025

... cicloclovias segregadas atraem mais ciclistas. Será?

"... cicloclovias segregadas atraem mais ciclistas", está escrito numa matéria do Mobilidades do Estadão.
Será?

Algumas pessoas já leram o texto original que esteve aqui publicado. Não costumo fazer, mas vou modificá-lo para procurar explicar o porque tenho restrições e combato tanto vias segregadas, incluindo ciclovias. Para mim não é uma tarefa fácil, tanto porque não tenho um texto sintético, quanto não gosto de populismos, ou de "comprar a cabeça do outro". 
Mesmo que eu tivesse grande habilidade com palavras e textos, a explicação do porque segregar deve ser a última opção não é facil de ser dada. O tema é vasto, cheio de detalhes, alguns se cruzam, e uma parte não é muito fácil para não iniciados. 

O texto original que esteve aqui o que foi enviado para SP Reclama do O Estado de São Paulo, está publicado agora no escoladebicicleta.blogspot. É uma resposta a uma matéria que foi publicada no Mobilidades, caderno especial do Estadão, aliás de onde tirei o titulo.
Vamos lá.


"...ciclovias segregadas...", do dicionário, Segregar: "Colocar-se de lado; pôr-se à margem de; separar ou separar-se", que é uma das razões pelas quais nossa sociedade está cada vez mais dividida e violenta.
É certo que "ciclovias segregadas atraem mais ciclistas" pela sensação de segurança, até certo ponto e dependendo das condições uma afirmação pertinente, mas não necessariamente verdade raza e definitiva, não no que diz respeito à segurança no pedalar.

Por onde começar a explicação?

Segurança:
Dar segurança, proteger, depende obrigatoriamente de segregação? A ideia vendida é que sem segregação não há segurança. Não é verdade, aliás, além de uma mentira conveniente, é um erro crasso.
O que não é tão óbvio é que segregar, mesmo em nome ao estímulo, tem seu preço, melhor, seus preços, vários e por várias razões. 
Hoje, aqui, parece que pedalamos por um "segrege-se e que se dane o resto". Será inteligente?

"Sem ciclovia (via segregada) não há segurança", é a palavra espalhada, verdade popular, populismo bem aplicado que abraça a maioria que o aceita sem questionamentos. Será? Segregar será o único caminho para a segurança? Muros, grades, seguranças na porta, porta giratórias e outras medidas mais nos trouxeram mais segurança? Pelos números da última pesquisa agora apresentados, a resposta é "muito pelo contrário".
As ciclovias não costumam sair da porta de casa e entregá-lo na porta do destino final. A maioria pedala um boa parte do trajeto compartilhando o trânsito até chegar à ciclovia desejada, e nem percebe. Quando fala sobre segurança só se lembrar de falar sobre ciclovias. Por que será? Mais, você já teve curiosidade para levantar onde ocorrem os acidentes com ciclistas? Foram distante, dentro ou nas proximidades de uma ciclovia? A resposta é interessante. 

Cidade:
Que cidade você quer? Que vida você quer?

Começando pela sua saúde, a saúde individual, todos estudos apontam que o bem estar começa pela vida coletiva, ou seja, não segregada. Não importa o estilo de vida que você tem, o convívio social é fundamental para uma boa saude.
"OK! Mas quando estou pedalando quero ter segurança e só tenho numa ciclovia", pensarão. 

Tem forma de dar a segurança desejada ao ciclista sem ciclovia segragada? Tem, depende e muito de onde se está pedalando e do que entende e pretende o cidadão ciclista. Se sua resposta é "eu" quero segurança, portanto "eu" e que se dane o resto do mundo, é provavel que a sua única resposta seja "segregação". Mas neste caso não importa em que veículo você esteja, seja uma bicicleta ou uma SUV blindada, o seu nível de segurança não será o ideal. Por que? Porque trânsito é um 'jogo' coletivo, onde entender e respeitar os outros faz toda a diferença. Dados são claros e não mentem. Foi para o "eu", reduziu a muito segurança.
Se seu desejo é que você e todos tenham segurança, ou seja, jogar o coletivo, entrar no trânsito sem pensar em guerra, batalha, inimigos, a resposta vai para segregar só em casos excepcionais e momentâneos, isto se definitivamente não houver outra alternativa.
O que está em jogo é que vida você quer? e, que cidade (coletivo) você quer? 
O coletivo traz riscos diferentes do segregado. A questão é que as pessoas acreditam piamente no que foi vendido. Mais, eu não tenho dúvida que brasileiro ainda não entendeu o que é uma cidade, e não entendeu porque há interesses imensos que não querem que ele entenda o que é uma cidade. O coletivo é profundamente desinteressante para certos interesses, inclusive os de esquerda que dizem defender interesses coletivos.

Descartar possibilidades testadas e aprovadas em inúmeras cidades do planeta acaba sendo tão ou mais perigoso quanto o ir cego para o que de imediato parece lógico. Muros, grades, seguranças armados na porta, são a resposta que parece mais sensata contra a violência, mas tem funcionado?

Sobre o que a bicicleta pode oferecer para a cidade:
Já escrevi várias vezes que na virada do século XIX para o XX dizia-se que "ao socialismo se vai em bicicleta", o que pode-se traduzir hoje como "ao equilíbrio social se chega pedalando uma bicicleta (não elétrica)". Bicicleta tem uma espécie de pacto com a equidade, com o equilíbrio social, com uma economia ambientalmente correta, e outras qualidades mais. Nada a ver com segregação.

Em todas as partes do planeta a bicicleta foi e está sendo usada como uma ferramenta de integração social, não de segregação. Sim, as ciclovias são a base desta transformação, mas definitivamente não o único ponto de sustentação da segurança. Olha-se o interno dos bairros e se acalma o bairro usando ferramentas para diminuir a velocidade, aumentar a atenção de motoristas e com isto dar liberdade a todos que vivem na área. Ciclovia segrega, o que tira a necessidade do motorista prestar atenção no ciclista, daí os acidentes nos cruzamentos. 
 
O interesse pela bicicleta não está só na melhoria da mobilidade urbana e segurança dos ciclistas, mas na capacidade de integração social que bem implantada ela oferece. Só não se deve Integrar quando situações muito específicas realmente não permitem.

Aqui, segrega-se, ponto final. O povo adora, então segregam mais ainda. Com isto grande parte das inúmeras vantagens que a bicicleta traz para a sociedade como um todo perde-se.

No Brasil a segregação, não só da bicicleta, vem com uma resposta simplista, populista a bem dizer, para soluções de problemas muito complexos. Segregar atende ao pedido das multidões, populismo barato, ladainha pura. O resultado a princípio pode ser bom, e geralmente é, mas vai deixando penduricalhos não resolvidos, e estes sim são o real problema. 

E as calçadas, não são segregadas?
No caso do trânsito, ciclistas têm a mesma necessidade de segregação que pedestres? Pedestres são segregados porque seus deslocamentos são muito diferentes da forma de deslocamento de todos veículos, sem exceção, incluindo bicicletas, que por lei é veículo. Começa pela velocidade do caminhar e termina pela capacidade de mudar de direção, que no caso do pedestre pode facilmente ser abrupta, pára, gira, anda para trás, abre os braços, etc..., o que é impossível para qualquer veículo sobre rodas, a bem da verdade até para monociclos. É uma questão relacionada às leis de física, que até onde se sabe são imutáveis, pelo menos no resto do planeta.

Para onde caminha a segurança do trânsito? Na maioria dos países para a redução de velocidade. Ainda em poucas localidades estão fazendo uma revolução partindo para a abolição completa de todos elementos segregadores das vias públicas, ou seja, todo mundo junto, aliás, pedestres, ciclistas, motos, carros... Vão mais longe ainda, tiram todas as sinalizações, todos semáforos, tiram tudo, deixam as ruas totalmente limpas. "Como assim? Não pode ser!" Pode, e os índices de segurança melhoraram muito até em comparação às localidades consideradas seguras. 'Shared spaces' é um dos nomes dados à técnica. O movimento começou na Holanda e vem se espalhando por cidades européias, incluindo trechos em grandes cidades, com excelentes resultados.

Para terminar, quero lembrar a irritação de boa parte da população com a implantação indiscriminada de ciclovias e ciclofaixas, muitas delas ficam as moscas. Esta irritação rebate no comportamento de muitos motoristas, estejam certos. Porque ter boa vontade e paciência com quem acha que só ele tem plenos direitos? 

O dia que o Brasil parar de segregar, colocar de lado; pôr à margem de; separar ou e principalmente separar-se, vamos iniciar a construção de um futuro com futuro.

sábado, 26 de julho de 2025

Pedivela com uma coroa? Talvez não seja bom

Lá pelos idos do começo dos anos 90, Ritchey, um dos gênios da engenharia do mountain bike, falou e publicou que o futuro das marchas seria uma coroa no pedivela e 12 marchas na traseira. Teve muita gente dizendo que ele estava louco. Bingo! Em cheio. Até as bicicletas mais básicas estão saindo com 1x12. O pessoal está adorando. Mas...

Só vim entender o porquê da coroa única na frente agora: facilitar para os leigos e principiantes o uso das marchas, o que de certa forma era fácil de imaginar. 
Nestes mais de 30 anos de vida com coroa tripla na frente, o básico e bem conhecido 21 marchas, 3x7, cansei de ver quem não usasse a coroa tripla ou usasse errado. E para a maioria não adianta explicar como usar porque sempre vão fazer besteira. Daí coroa única na frente fazer todo sentido.

Eu não quero. Primeiro porque sei usar a relação completa de marchas, o que inclui tripla coroa. Acredito que seja uma obrigação de quem gosta de bicicleta e pedala com gosto aprimorar a técnica de pedal, o que inclui usar bem a relação de marchas. Segundo, o custo de manutenção das relações com coroas triplas ou duplas é muito mais baixo que de uma relação 1x12, e a durabilidade maior. Dentre outras palavras, ... meio ambiente.

Desde a primeira vez que vi estas relações 1x12 me perguntei: o ciclista vai pedalar a maioria do tempo nas últimas marchas, que portanto estas gastarão mais. Fui a algumas bicicletarias e perguntei se com a relação gasta seria necessário trocar todo cacete ou só as relações gastas. Respostas: troca tudo, não tem outro jeito. Primeiro, o custo de manutenção de coroa única é muito mais alto, segundo, é ruim para o meio ambiente. Quem ganha, e muito, os fabricantes. Ok, ganha também quem não sabe usar o câmbio dianteiro.

Um dos indutores de "melhorias" nas bicicletas atuais é o ciclismo profissional, mas, óbvio, profissional é profissional, o resto é o resto. No mundo profissional só interessa os resultados, custos e outros que se danem. No mundo real, o nosso, deveria ser o contrário.

Acompanhando o que acontece lá fora, especialistas começam a criticar estes pedivelas de coroa única, por mais razões que as que exponho aqui. 

Pedivela de coroa única é moda ou veio para ficar? Boa pergunta. Fato é que está aí, dentre outras coisas, para aumentar as vendas e os lucros. Deve ficar, virar regra. 

De minha parte, continuo dizendo que bicicleta tem que ser o básico, e de preferência alavancar seu maior bem, ajudar o meio ambiente. 

quarta-feira, 25 de junho de 2025

Entrada de veículos, ciclista pedalando na calçada

Antes que tire conclusões precipitadas, por favor, leia até o final.

Vou tentar usar algo como o método de análise de acidentes aplicado na aviação

Ciclista pedalando na calçada colidiu de frente com a lateral de um veículo que estava entrando no estacionamento. O ciclista foi ao chão sem grandes consequências.


Erro: ciclista pedalando na calçada. Calçadas são restritas a pedestres e pessoas com necessidades especiais de mobilidade. Pedalar numa calçada é proibido. Razão: perigoso para pedestres e aumenta a possibilidade do ciclista sofrer de acidente. O ângulo de visão do ciclista fica muito prejudicado, o que diminui muito o seu tempo de reação. Uma pessoa ou veículo saindo de uma propriedade só vai estar visível quando não houver mais tempo de reação. E o ângulo de visão dos condutores de veículos é limitado nestas saídas de propriedade. Mesmo quando vem pela rua a sua visão do que acontece na calçada é prejudicada porque seu foco é a via e ou trânsito que está a frente, e por obstáculos normais de uma calçada, postes, árvores, vegetação, carros estacionados, outros.

Segundo erro: o ângulo de acesso do veículo para o estacionamento neste caso permite uma velocidade mais alta que o recomendável quando ele atinge a calçada.

Fato: o motorista disse que tinha olhado para ver se tinha pedestre na calçada.
Fato: o ciclista estava muito lento, algo em torno de 10 km/h
Fato: a colisão do ciclista foi frontal e se deu na roda dianteira direita do automóvel
Fato: o ciclista estava distraído com luzes a frente
Fato: a bicicleta não sofreu danos, portanto o impacto foi leve devido à sua baixa velocidade
Fato: o ciclista não sofreu qualquer ferimento ou lesão que o impedisse de seguir pedalando, portanto seu impacto na lataria do carro foi leve também
Fato: estava escuro, o ciclista vestia sueter preto, que por si diminui muito a capacidade de visualização do motorista. O ciclista estava passando por um muro de vegetação, o que diminui o contraste de seu casaco preto contra a folhagem verde. 
Fato: foi possível ver que o automóvel não teve amassados

Responsabilidades

A lei é clara. A responsabilidade da ocorrência é do ciclista porque bicicleta perante a lei bicicleta é um veículo e deve ser conduzida na via, sendo proibida sua circulação nas calçadas, exceto quando devidamente sinalizado.

Podesse dizer que o motorista foi imprudente. Sua alegação que tinha olhado para ver se tinha pedestre é difícil de sustentar pela altura do ciclista, 1,85 m.. Sentado numa bicicleta faz o ciclista um pouco mais alto que os 1,85 m.. Não havia obstáculos que impedisse a visualização do dorso e cabeça do ciclista pelo motorista, mas o ciclista vestia cor escura e estava contra uma vegetação que a noite também fica escura, ou, o ciclista era difícil de ser notado. 

ciclista trafegava em baixa velocidade, aproximadamente 10 km/h, quase de um pedestre caminhando com rapidez. Um corredor a pé estaria mais rápido.

A colisão do ciclista foi na frente do automóvel, na altura da roda dianteira, o que aponta para a posição dos dois antes da colisão enquanto rodavam em paralelo. Aponta também para que o automóvel vinha de trás da posição do ciclista. 
O automóvel vinha junto com o trânsito numa velocidade aproximada de 30 km/h. Houve frenagem antes da entrada do estacionamento, mais o fazer a curva para a direita e o alcançar a calçada. Resta a dúvida se o motorista estava com sua atenção na calçada e possíveis pedestres circulando, o que seria sua obrigação legal.
Podesse afirmar que houve imperícia por parte do motorista.

O acidente foi comigo. Viajei na maionese, estava muito tranquilo e me distrai com as luzes acesas de uma casa que nunca vi iluminada. E bum! Ouvi uma barulheira, senti um tranco e cai no chão.
Se não me falha a memória a lei, o CTB, diz que durante condução se deve manter a atenção no trânsito, ou qualquer coisa do gênero. Dois a zero, a responsabilidade é minha.
Estou bem, mas um pouco dolorido. Foi uma boa lição. Mais importante, a bicicleta está inteira.

O motorista parou, desceu do carro e veio ver como eu estava, pedindo desculpas. 
Imediatamente assumi a responsabilidade, o que ele não entendeu bem, mas ficou aliviado.

sexta-feira, 20 de junho de 2025

Falta de cultura é pouco

No início dos anos 90, em homenagem a Ferrari, a tradicional marca de bicicletas de competição Colnago fez uma edição especial muito limitada, a da Colnago Ferrari. Na época foi vendida para um seleto grupo de ciclistas e colecionadores pela bagatela de US$ 12.500,00, então uma pequena fortuna. 
A Colnago Ferrari é uma Colnago C60 melhorada. A saber, a C60 foi a única bicicleta testada por uma das mais importantes e respeitadas revistas internacionais de ciclismo, que no final do texto, nas qualidades e defeitos recebeu um comentário impressionante: "sem defeitos". Reli para ver se tinha entendido e, sim, estava lá, "sem defeitos". Em décadas de leitura nunca havia lido algo próximo.

Um brasileiro comprou uma, que foi enviada para o mais respeitado mecânico, Daniel Aliperti. Caixa ainda fechada na bicicletaria, todos admirando, e mesmo antes que fosse aberta chegou um telegrama.
- Tenho informação que a Colnago Ferrari está com vocês. Pago US$ 25.000,00, mais todos transportes e impostos.

A bicicleta continuou no Brasil, uma jóia raríssima, muito mais que uma bicicleta cara, mas um símbolo do que melhor existia no mundo da bicicleta e tecnologia daquela época. É um marco histórico a ser respeitado.

Semana passada ouço de um mecânico que ele instalou um motor elétrico exatamente nesta bicicleta. Quase caí de costas. O dono não faz a mais remota ideia do que aquela obra de arte significa, não tem nem cultura ciclística,, aliás provavelmente nem cultura geral, e muito menos noção do que é História, com H maiúsculo. 
Motor elétrico numa bicicleta destas é um, não, vários disparates. Simplesmente aponta, sem o menor erro, para o baixíssimo nível cultural que temos o Brasil. 

segunda-feira, 16 de junho de 2025

Tampas de bueiro afundadas e outros buracos

SP Reclama
O Estado de São Paulo

Ontem por muito pouco não sofro um acidente grave enquanto pedalava. Peguei pedalando uma, não, duas seguidas malditas tampas de bueiro afundadas daquelas que estão por toda a cidade. Bel, num buraco destes partiu em dois a suspensão dianteira de seu carro. Não precisa de estatística para saber que muitos caem nestas tampas de bueiro afundadas, basta ficar parado próximo para ouvir o barulho das seguidas rodas batendo. De qualquer forma seria de utilidade pública se houvesse dados estatísticos sobre este tipo de ocorrência, o que aposto que não há. Reasfaltaram e deixaram a tampa afundada ou o concreto cedeu? Sou cidadão e não me interessa de quem é a responsabilidade, quero o problema definitivamente sanado. Concreto novo colapsando é coisa trivial, como é trivial que ninguém investigue o porque concretou na coisa pública, quebrou logo em seguida, é óbvio, nós que paguemos. É extremamente fácil provar que o concreto usado é inapropriado ou o serviço é mal feito. Só bueiros afundados? Quantas são as esquinas que foram repetidas vezes reconcretadas? Uma que mais uma vez está uma vergonha é a esquina da rua Augusta com Oscar Freire. Se eu começar a escrever os locais que me lembro de bate pronto onde o concreto rapidinho quebrou não paro mais. Não me interessa qual seja a razão, me interessa que se pare de gastar estupidamente dinheiro público numa obra mal feita, num problema que não se sana. Corredor de ônibus esburacado aos montes. Os remendos nas pontes..., consertos em calçadas guias rebaixadas, escadas... Concreta, cimenta, quebra, concreta, cimenta, quebra... Finalmente: quem vai ter interesse, ou coragem, para investigar porque o concreto usado em obras públicas quebra ou esfarela com tanta facilidade?


Quem vai ter interesse em descobrir o número de ocorrências graves, acidentes e incidentes que foram causados por buracos e tampas de bueiro afundadas ou inexistentes que pipocam por toda cidade? Se até hoje não se investigou e trouxe a público a verdade sobre o escárnio dos roubos de fio de cobre, que é um setor muito menor e mais fechado, o que tudo indica é que falta interesse e ou
 coragem para descobrir o que vem acontecendo com esta indústria do cimento. Relatar a ocorrência não basta, urge ir atrás dos fatos. Óbvio que alguém está ganhando muito com isto. Saber quem deveria ser o objetivo, mas saber porque o silêncio talvez seja muito mais útil. 


Não cheguei a cair da bicicleta no meio do trânsito por pura sorte, mas bati o saco no tubo superior, consegui frear a bicicleta antes de ir para o chão e a gentil senhora que estava atrás parou a tempo. Aliás, agradeço aos que viram a ocorrência e assustados pararam para perguntar como eu estava. Meu tenis foi para o lixo, eu que me vire para pagar, assim como acontece com todos nós, cidadãos. O prejuizo sempre é nosso.